terça-feira, 2 de junho de 2009

Assistencialismo x Voluntariado

A diferença é o compromisso com o outro

Como já foi lembrado aqui, "voluntariado é diferente de assistencialismo!”. Mas qual é mesmo a diferença? Há alguns que certamente responderiam “Não adianta dar o peixe, tem que ensinar a pescar”. Porém, a professora e coordenadora da Pastoral do Salesianos, Vera Loureiro (foto), citando Betinho, diz que não acredita no assistencialismo pelo assistencialismo mas é necessário e importante em uma urgência, como há tantas com pessoas necessitadas.


Ela também entende que o assistencialismo é a “educação infantil da ação social (voluntariado)”. "Você aproxima as pessoas que são egocêntricas, egoístas, que não fazem e não se sensibilizam com nada e vai pela via do assistencialismo, o que faz com que ela se abra ao mundo novo do voluntariado. Ela, antes, que só comprava o arroz, passa a entregar o arroz e a olhar para o outro”.

Vera Loureiro alega que a maior dificuldade no trabalho voluntário é a falta de compromisso, e exemplifica a partir do caso dos seus alunos. Conta que eles muitas vezes expressam o desejo de visitar instituições, entretanto não querem um compromisso maior. “Eu não sou voluntário por voluntarismo, me deu vontade eu vou lá e faço, acredito que a minha inteligência, meu afeto vão ajudar aquela instituição e se eu tenho um compromisso com ela eu tenho que cumprir”, argumenta a coordenadora.

Luciana Allao, professora do colégio São Vicente de Paulo, também dá muita importância à prática de voluntariado na educação de seus alunos. Ela diz que esse tipo de atividade desenvolve a responsabilidade dos jovens, já que eles se comprometem com a criança e/ou idoso ajudado. "Também os ajuda a conhecer e respeitar outras realidades e a desmistificar o preconceito", afirma a professora.

Nos diversos movimentos da escola como a JUVI (Juventude Vicentina) e o JMV (Juventude Marial Vicentina), os jovens escolhem uma instituição para visitar todo mês e ao final do ano fazem uma celebração e doações. Luciana defende que o jovem tem um grande potencial para o trabalho voluntário, devido à sua vontade de mudar o mundo. "Quando ele se identifica, ele se compromete."

As duas professoras,enfim, alegam que o trabalho voluntário tem tudo a ver com os jovens. Eles, no meio de tanto ativismo, são atraídos pela ação. Porém, o que diferencia o trabalho voluntário de todas as outras atividades, da ação pela ação, é pensar no assistido como uma pessoa concreta, que precisa de um envolvimento e uma relação humana e real. É a partir dessa relação entre o assistente e o auxiliado que o trabalho se torna realmente o de voluntariado, que é quando o voluntário se doa ao outro sem a possibilidade dos assistidos "retribuírem" a atenção recebida, como acontece muitas vezes na política ou em empresas que optam pelo assistencialismo visando a redução do imposto de renda.

Bruna Freitas

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